Desde
os primeiros momentos de vida, quando o ser humano começa a interagir com o
mundo, dá-se o desejo e a necessidade de confiar nas pessoas, confiança que
acaba tornando-se sinônimo de verdade. Entretanto, a vida é um emaranhado de
situações complexas, objetividades, subjetividades, simbologias, traduzidas
muitas vezes em um mundo de mentirinhas. Existem assim coisas e situações que
são “de verdade” e outras que são “de mentira/mentirinha.” A criança aprende
desde muito cedo a conviver com esses dois mundos.
A
“mentira/mentirinha” está no nível da imaginação, portanto diferente da “mentira”.
A “mentira/mentirinha” apreendida desde muito cedo não tem o mesmo significado
da “mentira.” A primeira situação é perfeitamente compreensível, encantadora,
mágica. A segunda, ao contrário, causa mágoa, insegurança, decepção,
desconfiança, angústia, rompimento de vínculo afetivo.
O
mundo do “faz de conta” não causa decepção. É arte. É brincadeira sadia. É um
mundo maravilhoso. O que decepciona é a mentira. Essa tentativa de fazer crer em
algo como verdadeiro, quando não passa de um “faz de conta”. Isso é
decepcionante.