quarta-feira, 5 de novembro de 2008

POEMA COLETIVO : AOS 6 ANOS EU...





Aos seis anos…
Saltitava em meio à fome
Buscando gravetos de felicidade
Brincava de pega-pega
De mão boba
E de esconde – esconde no escuro
Em meio às jumentas e cabras dormindo


Aos seis anos…
Eu ia à Escola e brincava muito!
Aprendi a ler brincando de moer cipó
Na moenda da cana
Moí três dedos, perdendo três unhas.
Nasceram bem rápido as novas
Pois eu lavava as flaudas do irmaozinho
No rio...
O irmaozinho nasceu no dia seguinte do ocorrido.


Aos seis anos…
Eu brincava de tiros com minha irmã.
Acreditava em Papai Noel
Brincava no quintal
Com as tartarugas e o navio (meu cachorro)
Tinha como companhia
Um pinico rajado.
Conheci meu primeiro amor
Mas foi nesse ano que eu disse:
“É triste ver as estrelas e não poder tocá-las”!

Aos seis anos…
Aprendi andar de bicicleta!!!!!!!
Me apaixonei pela música
Me encantei pela suavidade de um sopro
Colorido e inclivel da flauta!
Brincava de boneca de mamona
Fumava cigarro de chuchu…





Aos seis anos…
Me preparava para pintar o sete
E todo oito era oitenta!!
Já achava que não era como os outros meninos
Gostava mais de desenhar que de bola.
Preferia o lápiz, as cores.
De desenhar crokis inspirado no Clodóvil
Da TV Mulher…

Aos seis anos…
Sai da minha bahia com minha família
E fui morar no Rio de Janeiro
Conhecer novos costumes
Diferentes do que estava acostumada.
Achava que sabia tudo da vida.
Hoje sei que ainda não sei nada
Achava que sabia o que era amar…
Hoje eu sei!!

Aos seis anos…
Ainda estava no Jardim da Infância pela manhã
À tarde dava os primeiros passos na vida do trabalho.
Vender laranjas! Bolos! Linguiça!
Já era um menino intenso! E vivia me perguntando
Sobre o “por quê” de tantas coisas na vida.
Não via a hora de entrar no grupo escolar
Aprender a ler para poder entar
No mundo da leitura dos romances de cordel!
Isso era eu…

Aos seis anos…
Não me recordo de nada…
Acredito que minha memoria tenha deletado tudo…
… … … … … … …
Não sei por quê…


Grupo Sarau Pegando o Gancho
Inspirado no aniversário de 6 anos

4 comentários:

Gilson Reis disse...

ESTA FOTOGRAFIA É MUITO LEGAL? O QUE DIZER DESTE SER HUMANO PÓS SEIS ANOS DE IDADE? OUSADIA! CORAGEM! ENFRENTAMENTO DOS DESAFIOS...QUERIA TER UM FILHO ASSIM!!
MUITO BOA NALDITO!!

Gilson Reis disse...

Meniiiiiino!!
Que lindo....e exatamente aos seis anos....
eu chorava dias seguidos...por uma dor que não sabia porque......só sabia que uma imagem me entristecia....ver um homem simples...um tio distante q veio nos visitar.....se despede com a pureza no olhar, um sorriso meigo com ternura......contrastando com as marcas duras da vida de roça...pele queimada e grossa, vincos por todo o rosto....mãos grossas e impregnadas da terra vermelha....vai andando com as roupas gastas sem passar, sapato desconstruído por um pisar sofrido.....segurando a mala de couro rasgado no ombro....retornando pro seu LAR.

Hoje eu entendo o meu choro contínuo......
............e hoje não choro mais.

Comentário da Amiga Aida

Gilson Reis disse...

Comentário do REINILDO
Eu não estive no nete Sarau, mas me considerei presente em oração porque estava em retiro espiritual. Portanto, quero deixar registrado meus seis anos.
" Eu inicie na escola primária, o primeiro dia eu chorava muito porque não sabia o que estava acontecendo, sentia-me sozinho entre muitas outras crianças que também choravam, algumas piores do que eu. A professora, D. Nair, tentava nos acalmar junto com alguns pais que ficaram com seus filhos desesperados. Meu choro era contido, calado, sabia que não adiantava fazer mais nada, minha familia já não estava mais na escola. O segundo dia já foi melhor, a professora, D. Nair conseguiu com seu jeitinho conquistar a todos, meninos e meninas, brincavamos muito e ela nessa brincadeira nos alfabetizava. Depois de alguns meses, eu me via completamente apaixonado pela D. Nair, que beleza de mulher, não era uma paixão sexuada do ponto de vista genital, mas era sexuada porque eu de verdade amava aquela mulher dentro da minha total inocência... Quando passei para o segundo ano, eu não queria ficar porque não tinha mais a D. Nair como professora, assim eu aguardava ela chegar todos os dias no estacionamento da escola pra carregar seus livros e receber um sorriso seu..."
Dentre tantas experiências, essa ficou muito marcada, como uma tatuagem que não sairá mais, e nem quero que se apague.
Beijo ao Sarau.
Reinildo.

Gilson Reis disse...

OMENTÁRIO DA LUIZA
Como vc é lindo Gilson Reis... meu poeta preferido!!!
Beijos